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Fotos: Juana Portugal

 Como você analisa as iniciativas de profilaxia pré-exposição ao HIV no

Brasil e na América Latina?

 

Dr. Raphael – O que realmente impressiona na iniciativa brasileira é o objetivo de

disponibilizar a PrEP aos que estão sob alto risco de contrair o HIV, sem custo, junto

com todos os serviços de testes, como os laboratoriais e os ligados a infecções

sexualmente transmissíveis. Nos Estados Unidos, esse é o maior desafio: não é

apenas educar as pessoas sobre a PrEP, mas pagar pelas medicações e serviços. O

sistema de saúde de lá é muito fragmentado . Então, tê-lo unificado sob um sistema de

saúde pública é uma vantagem enorme e, à medida em que isso for ampliado,

veremos quedas drásticas nas taxas de novas infecções pelo HIV no Brasil.

 

Quais os principais desafios globais em termos de PrEP?

 

Dr. Raphael – O maior desafio é encontrar as pessoas vulneráveis à infecção pelo HIV

e fazer com que elas queiram tomar e permanecer tomando PrEP. São jovens,

travestis e mulheres trans e minorias raciais e étnicas os grupos que apresentam

maiores dificuldades em se adaptar bem à rotina de tomar um comprimido todos os

dias. Esse é o maior desafio. Porque, para se beneficiar da PrEP, é preciso ser capaz

de tomá-la regularmente.

 

Qual a importância da PrEP no cenário da prevenção?

 

Dr. Raphael – Para mim, é a maior inovação que o campo da prevenção ao HIV já viu.

Acho que faz parte de um menu realmente importante de opções para as pessoas

poderem usar e se manter livres da infecção pelo HIV. No entanto, a melhor coisa

sobre a PrEP é que a pessoa HIV negativa tem controle sobre a situação. Porque

quando você confia em alguém para usar preservativo, você está tentando fazer com

que outra pessoa mude o seu comportamento. Mas a PrEP é algo que você controla

para se manter saudável. Então isso é incrivelmente poderoso.

 

Qual é o principal fator que inibe uma maior disseminação para o HIV?

 

Dr. Raphael – O que eu diria sobre isso é que a PrEP, se tomada como prescrito, é

extremamente poderosa na prevenção do HIV. Se tomada como prescrito, tem eficácia

de mais de 90% de proteção. E, assim, quando você junta isso com pacientes

infectados pelo HIV, que tomam seus remédios, se mantém com a carga viral

indetectável e dessa forma não transmitindo o HIV, há uma combinação muito

poderosa de prevenção. Você está protegendo as pessoas que são negativas do risco

de contrair o HIV e essa combinação tem o poder de realmente acabar com a

epidemia se pudermos ampliar essas intervenções de forma efetiva.

 

Qual o status atual da PrEP injetável no mundo? Algum país ou

instituição está se destacando?

 

Dr. Raphael – Estamos nos estágios finais dos testes para mostrar que a PrEP

injetável funciona. Estamos buscando 4.500 pessoas para participarem do estudo

realizado em 70 países. Atualmente, já temos 3.800 pessoas no estudo, então ainda

precisamos de mais 700. Esperamos ter resultados até 2020. Acho que todas as

nossas regiões fizeram um trabalho realmente impressionante. Os Estados Unidos

começaram cedo e já finalizaram a inclusão de novos participantes. A Ásia também

encerrou a inclusão e a África está prestes a fazer o mesmo. Começamos mais

recentemente o estudo na América do Sul e está sendo feito um trabalho incrível com

a inclusão de um número muito grande de participantes sob risco extremamente alto

para infecção pelo HIV. Acreditamos na América do Sul para impulsionar

positivamente os resultados do estudo.

 

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