O subestudo: autotestes e cupons
Os participantes do ImPrEP serão convidados a participar do subestudo. Caso aceitem, serão sorteados para receber cinco cupons acompanhados de cinco autotestes ou apenas cinco cupons. Os participantes serão instruídos a distribuir cupons/autotestes para pessoas de sua rede social em risco para HIV, sendo que os cupons, em ambos os grupos, dão acesso preferencial a uma avaliação de risco e indicação da melhor opção de prevenção combinada nos serviços selecionados do ImPrEP. “Ao avaliar se existe diferença na procura dos serviços por indivíduos que receberam autotestes ou apenas cupons, conseguiremos saber se a distribuição secundária do autoteste é efetiva para aumentar a testagem e demanda por prevenção combinada no Brasil e Peru”, informa Raquel. Todos os participantes que receberem autotestes serão treinados sobre como realizar o HIVST, o que fazer em caso de resultado positivo, e informar que um vídeo passo a passo, produzido pelo fabricante do auoteste, estará disponível no site do ImPrEP, assim como uma linha direta de telefone que funcionará 24 horas por dia, 7 dias por semana.
A questão da distribuição
A autotestagem para HIV já é uma realidade em vários países, e mais de 2 milhões de
autotestes já foram distribuídos em países africanos na grande iniciativa STAR (HIV Self-testing in Africa), realizada pela London Schoolof Higiene & Tropical Disease em parceria com PSI e financiada pela Unitaid. Como resultado, já existem 58 países no mundo com políticas de autotestagem para HIV, sendo que em 28 deles, ela está implementada. No Brasil, a autotestagem foi regulamentada pela Anvisa em 2015, sendo que os autotestes estão sendo vendidos nas farmácias desde 2017. Em 2019 o Ministério da Saúde iniciou fase piloto de distribuição gratuita pelo SUS para determinadas populações de 14 capitais, porém a distribuição encontra-se temporariamente suspensa para controle de qualidade dos testes distribuídos. “É importante notar que os kits de autotestagem distribuídos no subestudo da Fiocruz são diferentes e se encontram na lista de produtos pré-qualificados pela Organização Mundial da Saúde.”, destaca a pesquisadora.
Um dos grandes desafios relacionados a autotestagem é garantir as melhores formas de
distribuição, comenta Raquel.“O programa A hora é agora, cujo componente de
autotestagem foi liderado por nosso laboratório, deu o pontapé inicial sobre o tema em Curitiba. O projeto E- testing utilizou uma plataforma baseada na web (também disponível em aplicativos móveis) destinada a fornecer informações sobre prevenção do HIV, acesso à autoavaliação de risco para o vírus e solicitação de pacotes do HIVST por indivíduos elegíveis”.
Cada pacote continha dois kits de autoteste baseados em fluido oral, instruções para o uso e interpretação dos resultados, preservativos e lubrificantes e informações sobre como acessar o teste confirmatório do HIV. Os kits podiam ser entregues em casa, pelo correio ou retirados em uma farmácia patrocinada pelo governo. Entre fevereiro de 2015 e fevereiro de 2017, foram entregues aproximadamente 4.800 pacotes. “O projeto foi muito bem-sucedido, mas a distribuição via correios se mostrou muito onerosa para implementação em larga escala e, infelizmente, o programa de farmácia popular foi descontinuado. Acreditamos, e estudos internacionais vêm demonstrando isso, que a distribuição secundária pode ser mais uma alternativa para aumentar a testagem e utilização de prevenção combinada”, conclui Raquel.