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Equipes ImPrEP Ceci, Santos e Fidélis Ribeiro

ImPrEP: missão cumprida nos SAE de Santos, Fidélis Ribeiro e Ceci (SP)

Missão cumprida. Tão importante quanto o cumprimento dos protocolos e a participação efetiva nos subestudos realizados, é fundamental ressaltar a valorosa contribuição das equipes dessas três unidades na implementação do projeto e da própria profilaxia no Brasil, em especial dos pesquisadores principais, coordenadores(as) de estudos, enfermeiros(as), aconselhadores(as) e demais profissionais de saúde  e do setor administrativo, bem como dos  educadores(as) de pares na interlocução com as populações-alvo do estudo: gays/outros homens que fazem sexo  com homens, travestis e mulheres trans. 

 

Mas como terá sido a experiência de participar de um projeto de saúde pública como o ImPrEP?  Com a palavra, pesquisadores principais, coordenadores(as) de estudos e educadores (as) de pares das três unidades.

Pesquisadores principais

Como avalia a contribuição deste centro no estudo ImPrEP visando a implementação da PrEP no país?

“Acreditamos que nossa contribuição como um dos centros pioneiros do estudo foi de grande valia para a consolidação da política de PrEP no país. Iniciamos com cinco serviços ofertando a profilaxia no município de SP e atualmente contamos com 25. A procura espontânea para o uso da PrEP foi maciça, hoje contamos com mais de 500 usuários no SAE Ceci, a força da mídia social na divulgação dos serviços com atendimento à profilaxia e o trabalho dos educadores de pares contribuíram muito para essa demanda e o sucesso na implantação da PrEP. Além disso, a implantação da profilaxia trouxe ao nosso serviço uma população que não costuma frequentar as unidades de saúde: homens na faixa etária de 18 a 50 anos preocupados com a prevenção de IST.  

 

O grande desafio, hoje, é ampliar o acesso à PrEP para pessoas em maior vulnerabilidade ao HIV como travestis, transexuais, profissionais do sexo e facilitar o acesso desta população ao SUS, assim como manter o trabalho dos educadores de pares nos serviços de IST/Aids para divulgação, captação e retenção dos usuários de PrEP com maior vulnerabilidade ao HIV”.

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Raquel Ito

Pesquisadora principal do ImPrEP –Serviço de Assistência Especializado em DST/AIDS – SAE Ceci, de São Paulo

“Foi realmente um desafio iniciar um estudo em uma unidade de atendimento referência em tratamento para o HIV sem estrutura de pesquisa. Foi desafiador e ao mesmo tempo gratificante, pois reunimos uma equipe empenhada e qualificada que conseguiu romper a barreira dos desafios.

 

Tivemos dificuldade em trazer usuários para o serviço por diversos motivos: dificuldade de disseminação da informação na comunidade e os usuários associavam o serviço ao tratamento do HIV e receavam sofrer preconceito, por exemplo. Com o tempo, isso foi se quebrando e acabamos por ter uma fila de espera para início de PrEP. Portanto, avalio positivamente a participação do nosso centro, pois obtivemos sucesso na disseminação da profilaxia em toda a Baixada Santista.”

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Fábio Vitor Maria

Pesquisador principal do ImPrEP - Serviço de Atenção Especializada – Adultos (SAE), de Santos

“Seguimos o protocolo, sempre com as portas abertas, busca ativa e acolhimento dentro dos perfis definidos. Realizamos exames, consultas, tratamentos, aconselhamentos e verificamos intercorrências. Assim, avaliamos de forma positiva, a implementação da PrEP neste centro de estudo, colaborando para a diminuição da infecção pelo HIV nas populações vulneráveis”.

João Luiz de Benedetti

Pesquisador principal do ImPrEP - Serviço de Assistência Especializada em DST/Aids Fidélis Ribeiro, de São Paulo

Coordenadores(as) de estudos

Quais as principais conquistas/avanços/ou colaborações deste Centro na implementação do projeto ImPrEP?

 

“O SAE Ceci conseguiu alcançar os 200 participantes propostos pelo estudo, obtendo êxito no desenvolvimento das propostas do projeto. Contamos com uma equipe comprometida com a pesquisa, o que facilitou a implantação do projeto. Como fomos um dos primeiros serviços a ofertar a PrEP no município de São Paulo, o ImPrEP proporcionou à equipe uma expertise no atendimento de usuários da profilaxia.Além disso, o projeto proporcionou aos profissionais um olhar diferenciado e científico para as estratégias de prevenção combinada das IST. 

 

Hoje estamos ansiosos com as novas tecnologias de prevenção que estão por vir.No início do projeto existia uma certa insegurança em relação ao uso de antirretrovirais como profilaxia. No entanto, com o avanço do estudo percebemos que o uso da medicação para os voluntários era uma opção viável e segura de prevenção ao HIV. Fomos surpreendidos com a adesão à medicação, e com o vínculo ao serviço de saúde pelos voluntários do projeto. Hoje, a toda a equipe do SAE está engajada nesse protocolo de prevenção”.

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Neuza U. Nishimura

Coordenadora do estudo ImPrEP no SAE Ceci/SP

“O ImPrEP, no Centro de Santos, foi incentivador para os interessados, não só por possuírem um provável maior risco de contrair a infecção pelo HIV e terem a disponibilidade de fazer o teste para HIV e para as infecções sexualmente transmissíveis, mas também por oportunizar a profilaxia no momento do atendimento. Outra importante contribuição é que o projeto também auxiliou no monitoramento de outras ISTs, como sífilis, e as hepatites B e C.

 

Essa estratégia de prevenção é inovadora e quando o participante adere à PrEP os resultados são animadores. Aliás, a adesão foi um dos fatores preocupantes, já que os participantes nem sempre deram continuidade, pois nem sempre se adaptaram a tomar o remédio diariamente. Além disso, um desafio importante é que, na maioria das vezes, quem procurou e foi incluído no projeto ImPrEP foram as pessoas com maior/melhor escolaridade, fazendo toda a diferença na equidade do acesso.Para a equipe envolvida no ImPrEP, que não possuía, em sua maior parte, vivência e prática na pesquisa científica, também foi algo motivador, apesar de várias dificuldades enfrentadas. Mas o vínculo foi sendo fortalecido entre os profissionais envolvidos no projeto e isso fez toda a diferença na prestação do serviço”.

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Ana Paula Nunes Viveiros Valeiras

Coordenadora do estudo o ImPrEP no SAE- Santos

“O projeto ImPrEP trouxe benefícios para nosso serviço em diversos aspectos. A oportunidade da equipe multiprofissional em trabalhar conjuntamente numa linha de pesquisa, agregando saberes e experiências de outros centros, fortaleceu muito a percepção e atuação no dinamismo prático e no contexto da humanização. 

 

Ao pensar sobre nossa colaboração direta no projeto, acreditamos que a atuação na captura, seleção, acompanhamento e tratamento dos participantes teve um incremento positivo na promoção à saúde e prevenção de novos casos de infecção de HIV e outras ISTs, além da inserção no serviço da população trans. Diante disso, a equipe do SAE Fidélis Ribeiro acredita ter estado em consonância com os princípios e diretrizes do SUS, colaborando com o fortalecimento da pesquisa em nosso país e melhorando a qualidade da assistência aos nossos cidadãos”.

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Kleber Zeviani

Coordenador do estudo o ImPrEP no SAE -Fidelis Ribeiro

Educadores(as) de pares

No papel de educador(a) de pares (EP), como avalia as principais conquistas e êxitos no projeto ImPrEP?

 

“Como a minha unidade está numa área da cidade que abrange dois importantes pontos de frequência de homens que fazem sexo com homens (Parque Ibirapuera) e de transgêneros e travestis (avenida Indianópolis), conhecidos nacionalmente, tenho a sorte de encontrar gente de todo o país, às vezes, inclusive do exterior, e poder trocar experiências, saberes e informações.  Assim, pude convidar muitas pessoas para conhecer o SAE e ter a chance de participar do estudo ImPrEP. E mesmo aqueles que não conseguiram participar desse trabalho por motivos pessoais, ao menos foram sensibilizados para o uso da PrEP e de outros métodos de prevenção combinada ao HIV, tornando-se multiplicadores de informação junto a seus parceiros, amigos e comunidades de origem."

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Eduardo Razo

Educador de pares ImPrEP no SAE-Ceci, São Paulo

“O educador de pares, antes de mais nada, é um importantíssimo anfitrião para receber a população que atende aos critérios do projeto e dar as boas-vindas, além de guiá-la ao universo chamado ImPrEP. Exercendo minhas atividades como EP, pude participar de um equipe empenhada em apresentar uma das melhores evoluções na medicina, no quesito prevenção ao HIV. Pessoas, em sua maioria vulneráveis e mais expostas à infecção, podem contar com um único comprimido ao dia que as impedem de se infectarem com o vírus, trazendo uma condição de muito mais confiança a quem  dele usufrui”.

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Alex Charleaux Amorim 

Educador de pares ImPrEP no SAE- Santos

“Trabalho há oito anos com prevenção de saúde voluntária em Santos, atuando no campo com travestis e mulheres transexuais trabalhadoras do sexo. Com o convite para ingressar no ImPrEP, com o principal papel de ser responsável pela mobilização comunitária das populações-chave que poderiam vir a se beneficiar da PrEP e de outros componentes da prevenção combinada, adotei a metodologia do atendimento e orientação individual: os usuários se sentiam mais à vontade em relatar a sua vida sexual no individual, que no coletivo. Por ser um público que eu já tinha vínculo e também por ser par, tive a ilusão de que conseguiria de cara um número significativo de travestis e mulheres transexuais para incluir no ImPrEP, mas na prática me deparei com o desafio do quão difícil era trazer essa população à unidade de saúde. Mas, com o decorrer do tempo, entendi a limitação delas por trabalharem à noite e terem que comparecer à unidade de saúde em um horário que não facilitava. 

 

Por outro lado, estreitei vínculo com gays, lésbicas, bissexuais, por intermédio das redes sociais, nas baladas, com pequeno acesso às saunas da região, nas ruas e por estar coordenadora da Diversidade Sexual de Santos, o que facilitou a divulgação da PrEP. Minha maior surpresa neste tempo todo em atendimento foi conhecer muitos casais sorodiscordantes, que eu achava se tratar de um público quase ‘inexistente’ devido ao preconceito que pessoas vivendo com HIV sofrem. Ledo engano! Sou grata ao projeto ImPrEP, a toda equipe da Fiocruz, aos demais colegas educadores  e educadoras de pares por todo o aprendizado, troca de experiências e acolhimento que tive nesse período. Continuarei levando a PrEP à minha população LGBTQIA+ como o mais importante método combinado de prevenção ao HIV até que tenhamos uma vacina anti-HIV”.

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Taiane Miyake

Educadora de pares ImPrEP no SAE- Santos

“A experiência quanto ao trabalho que eu fiz e ainda faço foi boa, pois já atuava antes como agente de prevenção do projeto Tudo de Bom, que também era no SAE Fidélis, há mais de 10 anos, do qual saí pela troca dos agentes de prevenção da unidade. Dessa forma, sempre mantive contato direto com pessoas que vivem mais ou menos como eu vivo, trans e gays profissionais do sexo, levando muitas informações e obtendo muito aprendizado também. 

 

É bom trabalhar em projetos e pesquisas no qual a preocupação é fazer com que as pessoas se conscientizem da necessidade de prevenção em HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis. Tenho certeza de que colaborei, de forma importante, para que o trabalho tenha prosseguimento, já que no início era tudo muito difícil. Agora, penso que as coisas estão mais fáceis de serem assimiladas."

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Ágatha Cunha

Educadora de pares ImPrEP no SAE-Fidélis Ribeiro

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