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Análises da pesquisa online entre HSHs brasileiros, peruanos e mexicanos

Thiago apresentou breve resumo com os principais dados da pesquisa online realizada pelo ImPrEP, no primeiro semestre de 2018, junto a cerca de 20 mil respondentes finais gays/HSHs e bissexuais brasileiros (58% do total), mexicanos (31%) e peruanos (11%).O inquérito foi divulgado por meio dos aplicativos Hornet e Grindr, para encontros voltados à população HSH,e no Facebook. 

 

Entre os objetivos do trabalho, avaliar o nível de conhecimento e a intenção de usar a PrEP, bem como a disponibilidade de fazer o autoteste para HIV, recortes apresentados, em março passado, na Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas (CROI 2019), ocorrida em Seattle (EUA).

 

Ao analisar a associação entre conhecimento de PrEP e risco para HIV,o estudo, entre outros resultados, verificou que pessoas com menor escolaridade e menor renda tinham menor conhecimento sobre a profilaxia. A pesquisa também focou nas barreiras de informação, comportamento e crenças, chamando atenção a preocupação com as questões informativas e de conhecimento sobre a PrEP, como o medo de efeitos colaterais de curto e longo prazos, a efetividade da profilaxia e dos antirretrovirais, caso a pessoa se infectasse.

 

Quanto à disposição para realizar o autoteste para o HIV, apenas 35% conheciam o assunto (41% no Brasil) e 40% disseram que gostariam de usá-lo. Os respondentes de maior renda e escolaridade apontaram a disposição e a intenção de usar a PrEP. Resumos dos três trabalhos podem ser lidos em http://imprep.org/2019/07/04/nivel-de-conhecimento-intencao-de-usar-prep-e-autoteste-para-hiv-estudos-com-gays-bissexuais-e-outros-hsh-brasileiros-mexicanos-e-peruanos/

O pesquisador discorreu, ainda, sobre os trabalhos apresentados na Conferência 2019 da International Aids Society (IAS), realizada em julho no México, com dados baseados nessa mesma pesquisa. O primeiro foi uma análise dos jovens e a associação da idade com o conhecimento e a vontade de usar PrEP. O Peru foi o país que mais inclui jovens de 18 a 24 anos, seguido de México e Brasil. Os mais jovens se testaram para o HIV menos vezes que os mais velhos e tinham menor percepção de risco porém maior relato de práticas de risco, como penetração anal receptiva sem preservativo, isto é, menor percepção de risco x maior vulnerabilidade. Os mais jovens demonstraram, ainda, menor conhecimento sobre PrEP que os mais velhos. 

O outro trabalho apresentado na IAS 2019 abordou os fatores de percepção de risco e o risco real de se infectar pelo HIV, com 68% das pessoas que estavam em risco aumentado se percebendo em risco. Resumos dos dois trabalhos podem ser lidos em http://imprep.org/2019/09/30/fatores-associados-com-risco-percebido-e-risco-real-do-hiv-entre-hsh-brasileiros-peruanos-e-mexicanos/ e http://imprep.org/2019/09/30/caracteristicas-de-hsh-mais-jovens-e-associacao-de-idade-com-consciencia-e-disposicao-de-prep-no-brasil-mexico-e-peru/

 

Como novidade, o estudo sobre a heterogeneidade de mais de 16.600 HSHs nas capitais brasileiras, além de Santos e Campinas, que analisou o comportamento sexual e o risco percebido, assim como fez uma descrição das tendências de conscientização e vontade de usar PrEP. Esse estudo baseou-se nos dados coletados no inquérito de 2018, bem como em pesquisas online anteriores, de 2016 e 2017. O trabalho, conduzido por Thiago Torres, Luana Marins e outros pesquisadores da Fiocruz, foi recentemente publicado na revista BMC Infectious Diseases (https://bmcinfectdis.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12879-019-4704-x)

 

Entre os resultados, a indicação de não haver diferenças em relação a risco, com destaque para as práticas de maior risco sem uso de preservativo nas relações anais. 16% da amostra nunca fizeram teste de HIV e a principal preocupação relatada foi o medo de ter um resultado positivo, o que confirma o alto estigma em relação ao HIV. Registrou-se um aumento do conhecimento sobre PrEP de 2016 a 2018, assim como a intenção de usá-la, que subiu de 52% para 63%. 

 

Encerrando a apresentação, Thiago informou que o ImPrEP levará ao CROI 2020 um novo recorte oriundo da pesquisa online realizada em 2018, com uma análise sobre as disparidades socioeconômicas de jovens com HIV. 

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Avaliação qualitativa da implementação da PrEP no Brasil: ImPrEP

stakeholders

 

A coordenadora do projeto ImPrEP, Cristina Pimenta, apresentou os resultados iniciais de estudo qualitativo visando explorar as percepções e preocupações associadas à política de PrEP e a sua implementação em serviços públicos de saúde entre as principais partes interessadas (stakeholders): gestores, profissionais de saúde, usuários (gays/HSHs e população trans) e líderes da sociedade civil no Brasil.

 

O estudo baseou-se em 66 entrevistas estruturadas e aprofundadas, realizadas face a face em seis capitais que implementam o ImPrEP (Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Manaus, Recife) e três outras cidades no Estado do Rio de Janeiro, de novembro de 2018 a abril de 2019. Foram coletadas visões, percepções e experiências sobre incorporação de serviços de PrEP e PEP (profilaxia pós-exposição). 

 

Todos os gerentes de serviços de saúde, profissionais de saúde, líderes comunitários e usuários da PrEP entrevistados expressaram conhecimento prévio da profilaxia. O estigma e a discriminação foram citados como o principal obstáculo para a maioria das populações vulneráveis acessar os serviços da PrEP. Prestadores de serviços e líderes comunitários destacaram que as pessoas trans são as que menos frequentam os serviços que oferecem a profilaxia. 

 

Existe um consenso narrativo que combina a prevenção do HIV, incluindo a PrEP, como um avanço na política de saúde pública. Um aspecto enfatizado pelos profissionais de saúde e gerentes de serviços foi que a profilaxia coloca a prevenção do HIV sob o controle do indivíduo. Os resultados do estudo indicam que o aumento de escala da PrEP dentro de um contexto de saúde pública tem necessidades culturalmente específicas a serem abordadas e que as questões estruturais dos serviços de saúde precisam ser revistas para atender à crescente demanda.

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Inquérito online com médicos prescritores de antirretrovirais

Previsto para ser iniciado em janeiro de 2020, o propósito do inquérito online, desenvolvido pelo ImPrEP com o Departamento de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis, do Ministério da Saúde, é complementar o estudo qualitativo realizado entre stakeholders ligados à implementação da PrEP no Brasil e avaliar o conhecimento e aceitabilidade do profissional de saúde que prescreve antirretrovirais para o tratamento de pessoas vivendo com HIV em prescrevê-los (no caso, PrEP) para pessoas HIV negativas.

 

O objetivo é avaliar o conhecimento e as práticas sobre PrEP, prevenção combinada e novas tecnologias biomédicas de prevenção do HIV entre médicos prescritores de antirretrovirais, analisar a intenção de prescrever PrEP e PEP (profilaxia pós-exposição), assim como estudar, entre esses profissionais, a percepção de risco entre as populações mais vulneráveis à infecção pelo HIV. O inquérito, que será disponibilizado via e-mail, poderá atingir até 3,5 mil médicos cadastrados no SICLOM do Ministério da Saúde.

 

O questionário abordará dados sociodemográficos sem possibilidade de identificação do respondente, experiências com serviços de prevenção e cuidados ao HIV, experiências de trabalho com gays/HSHs e mulheres trans, conhecimento sobre PrEP e PEP, entre outros.

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