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Balanço sobre a implementação do estudo ImPrEP

Valdiléa iniciou sua apresentação ratificando a missão do ImPrEP em ser um estudo voltado à ampliação e ao monitoramento da implementação da PrEP no Brasil, Peru e México, visando diminuir a infecção pelo HIV em populações mais vulneráveis, em especial gays e outros HSHs, travestis e mulheres trans, bem como fornecer subsídios para os governos locais adotarem políticas de maior acesso à PrEP. Afirmou ser o ImPrEP o maior projeto de demonstração do uso da profilaxia na América Latina, destacando o protagonismo de contar com profissionais da própria região na condução da iniciativa. 

 

Em seguida, fez um resumo geral das principais ações desenvolvidas até o momento ou em andamento. Começou pela pesquisa online realizada junto a cerca de 20 mil HSHs dos três países em 2018, assim como o ensaio clínico sobre autoteste para HIV, que vem ocorrendo no Rio de Janeiro e em Lima, por meio da estratégia de distribuição secundária, com participantes do ImPrEP oferecendo autotestes a seus pares como estratégia para gerar demanda para os serviços de PrEP. Destacou o estudo de avaliação qualitativa que ouviu as diversas partes interessadas na implementação da PrEP no Brasil, bem como a pesquisa online com prescritores de antirretrovirais que será iniciada em janeiro de 2020 para conhecer opiniões, perspectivas e percepções sobre a profilaxia.

 

A pesquisadora principal citou, ainda, o estudo de soroincidência, a ser aplicado em centros de estudos ImPrEP (Manaus, Salvador, Rio e São Paulo) e em unidades não-ImPrEP, de Porto Alegre e Distrito Federal, que atingirá de 4 a 6 mil HSHs e mulheres trans, também do Peru e México. Frisou tratar-se de um estudo inédito em termos de grandes números na América Latina que, por meio de testagem para HIV com kits específicos de última geração, poderá diferenciar as infecções recentes das mais antigas. 

Também ressaltou os estudos econômicos conduzidos no Brasil, Peru e México para demonstrar não apenas o custo/efetividade da PrEP, mas a profilaxia num contexto mais global de prevenção, capaz de testar mais pessoas, identificar casos positivos, tratá-los e, com isso, diminuir a transmissão do HIV. Segundo Valdiléa, outro benefício oriundo do projeto será a capacidade de fornecer subsídios robustos para que os Ministérios da Saúde dos três países possam ampliar a testagem regular de ISTs, para além da sífilis e hepatites, com técnicas de biologia molecular para  clamídia e gonorreia.  

A pesquisadora destacou a cooperação horizontal sul-sul, com a troca de experiências com países da América Latina e a África do Sul, por meio de iniciativas promovidas pelo ImPrEP com apoio da Organização Mundial da Saúde, da Organização Panamericana de Saúde e da Unitaid (agência financiadora do ImPrEP). Ressaltou a atuação do Comitê Comunitário Assessor e dos(as) educadores(as) de pares no componente da mobilização comunitária, levando informação às populações-chave do projeto, assim como o PrEP 15-19, voltado à prevenção do HIV junto a adolescentes gays, HSH e trans de Salvador, São Paulo e Belo Horizonte. 

 

Na parte final, apresentou dados parciais (de fevereiro de 2018 a maio de 2019) do projeto levados à Conferência da International Aids Society (IAS), realizada em julho de 2019 no México, cujos resultados tiveram grande repercussão, com destaque para as informações referentes à continuação precoce da PrEP, ou seja, na frequência às duas primeiras visitas de acompanhamento no período de 120 dias após o início da profilaxia,e a adesão à PrEP usando dados de dispensação de farmácia, considerando ter pelo menos 16 dias de medicação preenchida por 30 dias. 
 

Entre os dados destacados, a maior parte dos voluntários é de HSHs, com o Peru obtendo a melhor porcentagem em relação à inclusão de jovens de 18 a 24 anos, de população trans e de pessoas com menor escolaridade. Brasil e México sobressaem como países em que o conhecimento sobre a profilaxia é maior. Outro resultado relevante é o baixo índice de participantes com problemas renais, ratificando a segurança do uso contínuo da PrEP. Em termos de detecção de ISTs, os três países apresentam altos níveis na população trans. 

 

Fazendo um recorte para o cenário brasileiro, com dados atualizados até dezembro de 2019, Valdiléa confirmou que a maior parcela dos participantes do projeto apresenta nível de escolaridade de ensino médio (fazendo questão de lembrar que esse nível cresceu nos últimos 20 anos) e que mais da metade é de não brancos. Acrescentou que, apesar do número de travestis e mulheres trans ser pequeno, não é desprezível, sendo possível fazer análises específicas, em especial se agregados aos dados do projeto PrEParadas, da Fiocruz, e do PrEP SUS. 

Fez questão de frisar que a maior parte dos incluídos no ImPrEP vem comparecendo às consultas, ou seja, aderindo à profilaxia, com índices superiores a estudos de outros países, e que há baixo índice de soroconversão ao HIV após a entrada no projeto. Segundo ela, um dos maiores desafios do ImPrEP será comparar dados por região e, assim, fugir das médias que nem sempre fornecem um retrato fiel das populações atendidas.

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