



Associação entre uso de hormônio, uso de PrEP e estigma em mulheres trans nos EUA
A associação entre terapia hormonal e uso de profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV em mulheres trans não é clara. Pesquisas qualitativas sugerem que o uso de hormônios pode facilitar a utilização de profilaxia para algumas, enquanto para outras pode trazer preocupações com as interações hormônio-PrEP.
Em estudo conduzido por Jessica L. Maksut, da Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health, Baltimore (EUA) e pesquisadores de outras instituições*, foram analisados dados (coletados de março a maio de 2019) de 330 mulheres trans sexualmente ativas, com idade superior a 15 anos, que residem nos Estados Unidos. Utilizou-se regressão multinominal bivariada para estimular a associação entre o relato autorreferido de hormônios no ano anterior (nenhum uso de hormônio, uso de hormônios com prescrição e uso de hormônios sem receita médica) com o uso de PrEP. Em seguida, foram comparadas as práticas sexuais no mesmo período (relação sexual sem preservativo e sexo transacional) e o envolvimento com assistência médica nos grupos com e sem receita médica
A idade média foi de 24 anos e 72,7% da amostra eram de mulheres trans brancas não-hispânicas. Cento e quatro participantes não relataram uso de hormônios, enquanto 57,6% apontaram uso prescrito e 10,6% uso de hormônios não sujeitos a receita médica. Vinte e duas participantes usaram PrEP e 303 infomaram uma visita ao profissional de saúde no último ano. Não houve diferença no uso da PrEP entre os grupos que usaram hormônios com prescrição e os que usaram sem receita médica. Entre as usuárias de hormônio, aquelas que fizeram uso sem prescrição tiveram maior probabilidade de se envolver em sexo sem preservativo e sexo transacional, enquanto as que usaram hormônio com prescrição tiveram uma probabilidade maior de procurar um profissional de saúde.
A terapia hormonal integrada e as estratégias de oferta de PrEP podem apoiar o envolvimento da assistência médica para mulheres trans que usam hormônios com prescrição que, porventura, não estejam usando a profilaxia. Pode também incentivar mulheres trans que usam hormônios sem receita médica, que estejam envolvidas nos cuidados da PrEP, a usar hormônios prescritos por um profissional de saúde.
*Autores: Jessica L. Maksut, John Mark L. Wiginton (Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health, Baltimore, EUA), Maria Zlotorzynska (Emory University, Atlanta, EUA), Carrie E. Lyons (Johns Hopkins), Travis Sanchez (Emory University), Ayden Scheim (Drexel University, Philadelphia, EUA) e Stefan Baral (Johns Hopkins).
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