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Live "Homens trans, saúde e prevenção combinada"

Saúde mental e homens trans são temas de lives ImPrEP

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A nona live, realizada em 21 de setembro, foi “Saúde mental e prevenção combinada”, que teve a participação de Michelle Ramos, psiquiatra do Laboratório de Pesquisa Clínica em DST e Aids (LapClin – Aids), do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz); Alexandre Nabor, psicólogo, também do LapClin – Aids; e Fernanda Falcão, EP do ImPrEP em Recife.

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O encontro começou com Alessandra lembrando da importância da saúde mental e informando que a depressão é uma realidade cada vez mais presente no cotidiano da população LGBTQIA+. Em seguida, Alexandre pediu a palavra para destacar a importância da PrEP nesse contexto:“A PrEP trouxe uma nova forma de se lidar com a cidadania e com o próprio corpo. Estudos comprovam que usuários da profilaxia tendem a estar mais protegidos da depressão e de outros tipos de transtornos mentais”.

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Michelle falou na sequência e defendeu que conhecimentos sobre saúde mental não podem ficar restritos aos profissionais de saúde. “Esse tipo de assunto deve servir para aproximar as pessoas da ciência”. Ela ressaltou que quanto mais o estresse está presente na vida das pessoas, maior a chance de se desenvolver um quadro de depressão. “E, por todos os estigmas que são obrigados a enfrentar, esse costuma ser o caso da população LGBTQIA+”, informou a psiquiatra.

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Foi a deixa para Fernanda entrar no debate. “Conhecimento é poder”, disse a EP. E continuou: “Nós, mulheres trans, convivemos com o estigma desde a primeira infância, mas a maior parte da rede de assistência psicológica ainda não entendeu esse estigma. Por isso, o nosso trabalho também é escutar”.

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Alexandre ressaltou ser fundamental o devido acolhimento das pessoas que vivem com o HIV. “Ainda existem muitos mitos sobre esse assunto. A maioria não sabe que, mesmo portando o vírus, é possível ter uma boa qualidade de vida”.  Segundo ele, o adoecimento de uma pessoa LGBTQIA+ pode começar quando ela tem que assumir a sua orientação sexual para a sociedade. “Nesse momento do acolhimento, faço questão de deixar claro que sou um psicólogo gay. Ser acolhido por um profissional que assume a sua sexualidade é um detalhe que pode mudar a vida do paciente”.

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Para encerrar a reunião, Michelle também quis falar sobre o estigma do HIV. “É assustador que, em pleno século 21, ainda exista gente que faça associação entre HIV e morte. Precisamos mudar essa mentalidade o quanto antes, embora não seja um trabalho fácil”. De acordo com a psiquiatra, o caminho entre o diagnóstico e a depressão é pequeno: “E só a saúde mental pode salvar. Nessa hora, cuidar dos pacientes com atenção e delicadeza é a nossa única opção”.

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Homens trans

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Realizado em 19 de outubro, o tema do segundo encontro foi “Homens trans, saúde e prevenção combinada”. A live contou com a presença de Rogers Sabóia, coordenador da Região Nordeste do Instituto Brasileiro de Transmasculinidades (Ibrat), e Gabriel Van, da Liga Transmasculina João W. Nery.

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Rogers ressaltou a importância da PrEP. “É fundamental expandir a profilaxia para além da população cis. O público trans precisa de prevenção tanto quanto qualquer outro”. Ele lembrou que, atualmente, existem muitos homens trans que trabalham como profissionais do sexo e que para essa população a PrEP é urgente: “A gente sabe do tabu que ainda existe envolvendo esses trabalhadores e o preservativo. Sem conhecer toda a mandala da prevenção combinada, continuaremos nos infectando e adoecendo”.

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Gabriel reclamou da falta de divulgação de materiais informativos do Ministério da Saúde. “Existem ótimos panfletos, super explicativos, que falam sobre sexualidade, PrEP, PEP (profilaxia pós-exposição), prevenção combinada etc. Mas esse material, infelizmente, não tem sido muito divulgado”.  Além disso, destacou que assuntos como o preservativo ainda são tabus para a maioria dos homens trans:“Precisamos naturalizar esses temas, mas sem a ajuda do Poder Público fica mais difícil introduzir qualquer tipo de debate”.

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Em sua fala seguinte, Rogers fez coro com Gabriel. “Existem homens trans que precisam fazer tratamento hormonal e não sabem que esse procedimento está disponível no SUS. Na maioria das vezes, a gente do movimento social é que faz a informação circular”. 

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Gabriel finalizou com um tema delicado. “A sociedade não comenta sobre os nossos corpos. Os corpos de mulheres trans são fetichizados, os nossos não. Por isso, muitos ainda não sabem como cuidar de si”. Para ele, isso aumenta a importância do atendimento nos postos de saúde: “É triste, mas até nesses serviços sofremos com o estigma. Quando o atendimento é bem feito, faz toda a diferença, mas infelizmente ainda são casos isolados”.

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