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Live prevenção combinada para mulheres cis e trans

PrEP, estigma e mulheres na pauta das lives ImPrEP

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A sétima live, realizada no dia 20 de julho, teve como tema “Existe estigma contra usuários de PrEP? ”. O encontro contou com as presenças do EP Éder Tavares, de Florianópolis, e dos usuários da profilaxia Evair Dias, estudante de psicologia, de São Paulo, e Régia Costa, cabeleireira, do Rio de Janeiro.

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O encontro começou com os mediadores discorrendo sobre a importância da PrEP para gays/outros homens que fazem sexo com homens (HSH), mulheres trans e profissionais do sexo. Ao perguntar sobre a existência de estigmas, Éder, Evair e Régia foram unânimes. 

“Sinto preconceito, sim. E esse preconceito é fruto de falta de informação. Falo sobre a PrEP no meu ambiente de trabalho e sou muito questionado”, informa Evair. “Conto que uso a profilaxia para evitar o HIV e as pessoas entendem que se trata de um remédio para quem vive com o vírus. A maioria nunca ouviu falar sobre o medicamento. A única saída é divulgar a PrEP cada vez mais”, conclui.

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Régia concordou com Evair: “Com certeza existe estigma e ele não é pequeno. São tabus enormes que precisam ser vencidos. A maioria das pessoas que conheço nunca ouviu falar de PrEP e torce o nariz quando digo que faço uso do medicamento. Realmente, a única solução é popularizar a profilaxia e as campanhas de adesão. Sem isso, vai ser difícil combater tanto preconceito”.

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Éder tocou em outro assunto importante: o desconhecimento da profilaxia por parte dos profissionais de saúde. “Chego a ficar assustado. É comum, em uma consulta médica, me perguntarem o que é a PrEP. Quando respondo, muitas vezes me questionam se tenho o HIV”, conta o EP. Ele citou, ainda, os mitos que cercam a profilaxia: “Conheço gente que não toma, pois acredita que a PrEP tem efeitos colaterais fortíssimos. Outros pensam que o medicamento propicia o aparecimento de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Tudo mentira. Infelizmente, a gente vive em uma sociedade em que cuidar da saúde sexual é visto como sinal de promiscuidade”.

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Na segunda parte do encontro, o assunto foi a PrEP e os aplicativos de encontros para o público gay. Éder foi o primeiro a falar: “Eu digo que uso PrEP. Mas não faço isso à procura de sexo sem preservativo. Muito pelo contrário. Sei da importância de prevenção combinada. Meu objetivo é popularizar a profilaxia entre o público HSH e mostrar a todos que eu me cuido”.

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Evair diz que faz o mesmo, mas tem uma visão mais cética do assunto. “Acho importante a atitude do Éder, mas tenho certeza de que a maioria informa o uso da PrEP só para conseguir sexo sem preservativo. Além do mais,as informações disponibilizadas por usuários de aplicativos costumam ser falsas. Muitos dizem que tomam a profilaxia, mas nem sabem como obter o medicamento”.

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Régia encerrou o encontro falando sobre sua experiência: “Ao contrário de vocês, eu só uso aplicativos voltados para o público hetero. Nesses ambientes, a PrEP é ignorada. Ninguém ouviu falar, ninguém sabe do que se trata. Tenho medo de dizer que tomo PrEP para homens que acabei de conhecer. Se eu fizer isso, é certo que vão querer sexo sem proteção”.

 

Mulheres trans e cis

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Realizado em 24 de agosto, o tema do oitavo encontro do ano foi “Prevenção combinada para mulheres cis e trans”. A live, que iniciou com os mediadores falando sobre o estigma enfrentado pela população LBGTQIA+, contou com as participações da EP Fernanda Falcão, de Recife, e de Fernanda Machado, do Cores da Vida, de Macaé/RJ.

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Fernanda Machado lamentou que a maior parte das mulheres lésbicas não possua acesso ou conhecimento sobre a PrEP: “As políticas públicas voltadas para a nossa comunidade precisam ser criadas e aprofundadas urgentemente. Para se ter uma ideia do problema, aqui em Macaé não tem oferta de PrEP. Como vamos popularizar a profilaxia se ela mal consegue chegar às cidades do interior?”. Fernanda Falcão concordou: “O Brasil também tem uma dívida com as mulheres lésbicas e bissexuais, que precisam ser contempladas pelas políticas públicas, sejam elas trans ou cis”.

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Outro tema relevante foi abordado por Fernanda Machado: o preservativo feminino. “PrEP é importante, mas a popularização do nosso preservativo também é fundamental. Por que só os homens podem ter fácil acesso à camisinha?”. Em seguida, conclui: “A história da prevenção da aids no Brasil tem altos e baixos. Precisamos eliminar os baixos e ficar só com os altos. Quem sofre com tanto estigma, não pode esperar”.

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As profissionais do sexo foram lembradas por Fernanda Falcão. “A PrEP não foi pensada para um público específico, ela foi pensada para práticas sexuais. Não podemos nos esquecer das profissionais do sexo, que são um dos públicos mais expostos ao HIV. Quempratica sexo sob o efeito de substâncias químicas também não pode ser deixado de lado. É importante que a PrEPseja acessível para essas pessoas”.

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O encontro terminou com Fernanda Machado agradecendo o convite: “Todo mundo que assistir a essa live vai aprender mais sobre prevenção combinada. O conhecimento é a base para tudo na vida. Podem ter certeza de que, hoje, aprendi muito mais do que ensinei. Que a PrEP seja cada vez mais difundida entre todas as populações do projeto. Muito obrigado ao ImPrEP pela oportunidade e pelo trabalho desenvolvido”.

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Fernanda Falcão completou: “As políticas para os nossos corpos ainda estão embrionárias, mas nós estamos aqui para lutar por direitos.Agradecemos ao ImPrEP por ser uma trincheira tão importante. Com toda a nossa gana,  vamos mudar esse quadro.Podem apostar”.

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