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Educadores(as) de pares

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No papel de educador(a) de pares (EP), como avalia o trabalho desenvolvido (principais conquistas e êxitos) no projeto ImPrEP?

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Como membro da educação comunitária do projeto ImPrEP tive a oportunidade de conhecer e lidar com a face da saúde ligada à prevenção do HIV. Por meio dessa experiência, pude vislumbrar um novo lugar enquanto mulher trans, onde a preservação da saúde se dá via prevenção. Em 2020, tivemos que nos adaptar à pandemia da Covid-19 e seus reflexos desafiadores. Em meio a tudo isso, o ImPrEP passou a trazer novas perspectivas aos voluntários dando um novo direcionamento mediante as mazelas da pandemia e suas consequências na rotina de trabalho que teve que ser revista e reinventada para todos. O ImPrEP trouxe um novo olhar dentro de um cenário caótico, o que resultou em uma nova fase inclusive no lidar com os voluntários.

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                                            Cléo Oliveira, Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas/Fiocruz, Rio de                                                     Janeiro

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Educadores de pares são parte fundamental de encontro de trajetórias e acesso à PrEP, por meio da educação comunitária, ampliação do direito sexual e o acesso ao cardápio de prevenção. O encontro com o ImPrEP, e o projeto ampliado para o Brasil via Fiocruz, seguindo na atuação extramuros sobre infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e promoção de saúde coletiva para as trans-bixas, trouxe uma estratégia inovadora e que contempla nossas diversas formas de vivência e experiência de nossa sexualidade. E nós, educadoras, pudemos acompanhar o cotidiano, fomentar as escutas sobre encontros, parcerias e acontecimentos da vida de cada um e de suas parcerias. Seguimos ainda tentando que essas estratégias e oportunidades de informação e diminuição de discriminação nos serviços e cotidiano, que os medos e culpas sejam diminuídos. E a sociedade e nossas corpas dissidentes marginalizadas possam acessar cuidados necessários para uma vida potente! 

 

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                                             Caio Gusmão, Centro de Referência em IST/Aids, Campinas

 

 

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Enquanto educadora de pares e, sobretudo, mulher trans, vi no ImPrEP uma maneira de repercutir cotidianamente as minhas lutas sociais, e por meio de uma profissão digna exercer ativamente minhas expectativas em um futuro que seja pautado na diversidade e na informação. E, em vista de todos os desafios, tentar impactar o meu contexto social e ter a coragem de tentar trazer alguma contribuição para a minha comunidade.

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                                            Erika Faustino Ferreira,Centro de Referência em IST/Aids, Campinas

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As minhas ações em todo esse tempo como EP foram e são muito voltadas ao olhar do acolhimento à população LGBTI+ e, em especial, à população trans, justamente por eu sempre ouvir dessas pessoas o tanto que sempre foi difícil o acesso e o respeito ao nome social nas unidades de saúde, por exemplo, fazendo com que, muitas vezes, desistissem do serviço por não ter ali o atendimento, a começar no acolhimento.Vejo que o trabalho dos educadores ajudou e ajuda muito nessa questão, conseguindo que os profissionais da unidade de atendimento tenham um olhar mais cuidadoso e respeitoso com a população LGBTI+. Ainda falta muito a se fazer, mais creio que estamos no caminho.

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                                             Alexandre Castilho, Hospital Municipal Rocha Maia, Rio de Janeiro

 

 

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O trabalho como educadora de pares me proporcionou o entendimento de como é difícil o diálogo sobre IST e HIV/aids com a população trans e travesti, pois são pessoas com pouco acesso à informação e logo reproduzem muitos mitos e criam muitas resistências no tratamento de suas saúdes. Além de terem dificuldades de acesso ao SUS que, na maioria das vezes, demonstra o preconceito de quem faz o atendimento. É um trabalho incrível poder pensar saúde para essas populações.

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                                             Mariana Carvalho dos Santos,Hospital Municipal Rocha Maia, Rio de Janeiro

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O ImPrEP foi uma realização profissional para mim, que trabalho como enfermeiro com HIV há 14 anos. Vejo um futuro brilhante para as novas descobertas da ciência na realidade tocante ao HIV.

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                                             Agnaldo Jr., Centro Especializado em Diagnóstico, Assistência e Pesquisa, Salvador

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Trabalhar como EP garantiu a aproximação e permanência de travestis e mulheres trans no ImPrEP. Como educadora e mulher trans, levei informações e articulei com outras mulheres trans/travestis por ter uma trajetória e linguagem parecida com a delas. Se sentem representadas tendo uma mulher trans trabalhando em pesquisa e prevenção, o que mostra haver alternativas de trabalho além da prostituição.
 

O maior desafio foi a pandemia de Covid-19, tornando difícil trazer as mulheres trans para as consultas porque muitas estavam sem trabalhar (a maioria trabalha nas ruas) e boa parte não teve auxílio emergencial. Buscamos alternativas para convencê-las a participar, como visitas às casas, realização de pequenos grupos de participantes em locais abertos e distribuição de insumos. Nestes momentos, conversei sobre os benefícios de utilizar a PrEP e as estratégias utilizadas para se protegerem das ISTs.

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                                             Bruna Fonseca,Centro Especializado em Diagnóstico, Assistência e Pesquisa,                                                        Salvador

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Ao longo do desenvolvimento do projeto, o papel do educador de par teve grande importância porque possibilitou alcançar públicos em situação vulnerável e ajudar a fortalecer a política pública municipal de enfrentamento ao HIV, aprofundando o conhecimento e mostrando a relevância da estratégia de prevenção e do acolhimento junto aos pares - o que facilita o diálogo com o público e viabiliza a eficácia das ações. 

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Desafios vieram à tona, como a centralização do serviço em uma única unidade, prejudicando a adesão de novos participantes, assim como a sobrecarga das equipes face ao elevado número de interessados em usar a PrEP. Outro grande desafio foi a pandemia de Covid-19 que provocou redução no número de atendimentos e maior espaçamento entre as visitas de rotina. Em que pesem os desafios, a dedicação dos EPs minimizou as consequências e oprojeto alcançou excelentes resultados.

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                                             Alex Gomes, Hospital Municipal Carlos Tortelly, Niterói

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Os EPs capacitados pelo projeto ImPrEP trouxeram à tona a expertise em lidar com demandas comunitárias em saúde, no nosso caso, com a saúde LGBT+. Conquistamos espaço nos nossos centros para treinar e capacitar servidores para tornar os ambientes mais amigáveis para a comunidade, aproximamos e retivemos os públicos do ImPrEP de forma que nossa equipe se tornou referência para os cuidados na saúde deles/as, além de termos sido acolhimento para muitos LGBTs que não tinham orientação dentro de suas famílias e comunidades. 

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Conquistamos o respeito de profissionais da saúde, sendo a ponte entre eles e os participantes do ImPrEP para otimizar a investigação das situações que eles traziam para o nosso centro e também passamos a ser procurados por outras frentes para levar nossa expertise para empresas, escolas, instituições governamentais etc. Como desafio fica o reconhecimento da nossa atuação como trabalhadores da saúde. Somos agentes comunitários especializados em lidar com uma demanda específica, que é a comunidade LGBT+, além de capacitar e inserir novos educadores de pares/comunitários nos serviços de saúde em projetos que abordam LGBTs.

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                                             Gabriel Mota, Fundação de Medicina Tropical Heitor Vieira Dourado, Manaus

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A educação de pares foi algo ímpar nos espaços que adotaram essa estratégia. O(A) EP foi um elo entre várias instâncias, principalmente junto às comunidades gays e trans, divulgando informação e propondo mudanças nas práticas preconceituosas institucionais: um corpo político que não estava apenas buscando oferecer um serviço, mas também estava como servidora, alguém com quem o participante do ImPrEP sabia que poderia contar. E por estarmos inseridos em outros espaços, conseguíamos montar uma rede de atenção para além da viabilização dos mecanismos de prevenção. Em Manaus, foi fundamental: conseguimos que a busca por PrEP nas unidades aumentasse, desmistificamos fake news que sugiram no início e, principalmente, conseguimos que a PrEP fosse pauta dentro dos rolês LGBTI+. Estarmos na unidade, nos pontos, nos espaços de socialização foi muito positivo e fundamental nos processos de inclusão e retenção.

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                                             Joyce Gomes, Fundação de Medicina Tropical Heitor Vieira Dourado, Manaus

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Ser um educador do projeto ImPrEP foi um trabalho muito gratificante, pois tem sido uma troca de experiências e vivências com os nossos voluntários. A empatia é fundamental para ter a vinculação de todos. Orientar e trocar ideias sobre outras formas de prevenção se tornaram um trabalho importante para a nossa comunidade, e saber que nós somos fomentadores da prevenção do HIV via esse projeto traz a certeza que estamos no caminho certo.

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                                             Will Telles, Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids, São Paulo

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Tomando a relevância da PrEP para a população-alvo (gays/HSH e pessoas trans), somada à mediação direta de educadores de pares, é possível avaliar que essa nova tecnologia de prevenção vem sendo aprovada pela população acessada como um ingrediente a mais no cardápio da prevenção combinada. Para vincular o segmento trans, o meu trabalho foi na perspectiva de mapear as vulnerabilidades de acesso ao centro de estudo ImPrEP local e facilitar sua chegada, atingindo também o serviço e os servidores de saúde. Um esforço que certamente deixará marcas e trará bons resultados frente à dinâmica do HIV com as vulnerabilidades da população trans.

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                                             Kelly Vieira, Centro de Testagem e Aconselhamento/Policlínica Centro,                                                                    Florianópolis

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O ImPrEP surgiu como um incrível desafio para mim, que não era da área da saúde. Ter contato permanente com a população gay/HSH e trans foi um facilitador, consegui conversar com muitos pares e orientar sobre os riscos de não tomar os devidos cuidados preventivos. Outros desafios vieram.

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O primeiro e maior foi desmistificar o uso da PrEP. Apareceram muitas inverdades, e na maioria das vezes usei meu próprio exemplo para contra-argumentar, já que utilizo a PrEP há mais de dois anos. Outro desafio foi levar informação às populações periféricas, mas devido à pandemia de Covid-19 não foi possível avançar nessa pauta. Na pandemia, elaboramos uma série de lives e alcançamos um vasto número de pessoas. 

 

O trabalho dos(as) EPs foi muito importante no ImPrEP, pois com esses profissionais a informação chegou a pessoas que não se imaginavam entrando em um centro de saúde para serem bem acolhidas. Acredito que a função de educador de par deveria se estender em uma projeção nacional, porque fez toda a diferença nesses dois anos de atuação! Isso quem afirma não sou eu, mas os próprios usuários, o que tornou o trabalho ainda mais gratificante.

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                                             Éder Tavares, Centro de Testagem e Aconselhamento/Policlínica Centro,                                                                Florianópolis

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Inesquecível poder contar com uma equipe multidisciplinar como a do ImPrEP em prol de uma comunidade que historicamente foi desafiada a lutar contra a infecção da aids, trazendo novas tecnologias e técnicas de atendimento humanizado que aproximam a possibilidade de travestis, pessoas trans e profissionais do sexo a se reconhecerem cidadãs nos espaços de saúde. Proporcionar oportunidades de colaborar na montagem de estratégias de prevenção, tentando formar e diminuir a prevalência do HIV, foi uma experiência ímpar.

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                                             Fernanda Falcão, Hospital Universitário Oswaldo Cruz/ Serviço de Atenção                                                            Especializada, Recife

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A grande conquista foi ter conseguido conscientizar sobre o uso da PrEP dentro do modelo de prevenção combinada. Assim, foi possível fazer entender que não só o HIV, como também as hepatites e ISTs devem ser prevenidas. O grande desafio foi atingir a todos. Existe uma série de dificuldades, dentre as quais podem-se destacar as distâncias, o nível de escolaridade e compreensão, às vezes a descrença no método, porém tudo foi contornado quando da utilização de linguagem clara e do uso de exemplos comuns do cotidiano, além de fazer com que fosse possível explicar o que eram o ImPrEP e a prevenção combinada ao trazerem histórias pessoais ou de outros.

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                                              Luciano Melo, Hospital Universitário Oswaldo Cruz/ Serviço de Atenção                                                                 Especializada, Recife

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Nosso trabalho é desafiador, pois trabalhar a temática LGBTQIA+ no SUS sempre foi um entrave, já que a LGBTfobia institucional é um pilar embasado em sexismo, patriarcado, machismo, religiões e, porque não dizer, discriminação e preconceitos sociais. Mas, em contrapartida, temos a ciência que, sempre com sua visão inovadora, mostra que trabalhar com diversidade move a sociedade e o mundo. Ter nos serviços pessoas que fazem parte da população atendida faz toda a diferença. Com isso, podemos constatar que a educação de pares é o diferencial de um serviço acolhedor, pois essa figura consegue construir pontes com pessoas e populações que de alguma forma tinham suas existências e singularidades subjugadas no acesso a um serviço de saúde que não consegue estar disponível para todes. 

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Fazer parte do ImPrEP nos mostrou isso: com a PrEP sendo disponibilizada pelo SUS, pudemos trazer pessoas que não acreditavam que seriam atendidas em uma unidade básica de saúde. Infelizmente, com a forma engessada que algumas políticas públicas se estruturam, vemos que não avançaremos no atendimento daqueles que mais precisam. Esperamos que o ImPrEP traga entre seus resultados o quão importante é termos pessoas capacitadas, mas que também tragam suas vivências para o serviço, fazendo com que a humanização dessa política de fato seja concebida na intenção de uma melhoria pensando no bem maior da humanidade.

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                                              João Paulo Cunha e Ludymilla Santiago,Hospital-Dia Asa Sul, Brasília

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Avalio o trabalho desenvolvido pelo ImPrEP como exemplar. Pela primeira vez, um estudo atuou em nível nacional utilizando a educação de pares como base. E esse é o maior legado e ensinamento que o projeto pode deixar para a prevenção do HIV/aids: a informação precisa se infiltrar e ser recebida da forma mais natural possível e são os agentes que frequentam e  circulam nesses campos que podem fazer a diferença. Qualificar membros das populações-chave continuamente, como multiplicadores de boas informações e práticas, é o que capilarizou e ampliou os acessos a partir do projeto. Ter habilitado uma rede de EPs sempre disposta a trocar experiências e práticas é uma conquista imensurável em um país continental como o Brasil.

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                                             Thiago Oliveira, Hospital Sanatório Partenon/Serviços de Atenção Terapêutica/                                                    Centro de Testagem e Aconselhamento Caio Fernando Abreu, Porto Alegre

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