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Live ImPrEP de junho

Lives ImPrEP: acolhimento a pessoas LGBTI

e educação de pares para populações periféricas

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A reunião começou com Biancka e Alex falando sobre a importância dos seus trabalhos no INI e ImPrEP, respectivamente. “O que me deixa muito esperançosa é saber que estamos colaborando para aumentar a expectativa de vida de uma população tão sofrida e discriminada. O trabalho realizado por toda a equipe da Fiocruz é maravilhoso e, mesmo com todas as dificuldades, nos enche de orgulho”, disse a educadora comunitária. O educador de pares acrescentou: “No nosso centro de estudo, a gente prima pelo respeito e inclusão. As mulheres trans são sempre chamadas pelo nome social. Esse tratamento é a base para que a gente consiga atingir o nosso objetivo principal: divulgar e conscientizar sobre a importância da PrEP”.

 

Em seguida, Cláudio pediu a palavra para denunciar as dificuldades encontradas pela população LGBTI nos serviços de saúde. “Infelizmente, a maior parte dos locais não está preparada para receber esse público. Muitas vezes, os problemas já começam na recepção. Constantemente, mulheres trans e HSHs são publicamente constrangidos. Sem um acolhimento adequado, a adesão a qualquer tratamento se torna muito mais difícil”.

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Alex concordou com Cláudio: “Sabemos de casos em que médicos e outros profissionais de saúde se sentem desconfortáveis de atender a mulheres trans. E não é só por preconceito. Mesmo os que trabalham com a população LGBTI há muito tempo também têm as suas barreiras”. Biancka deu razão ao EP: “Nunca aconteceu comigo, mas a gente sabe que esse tipo de coisa é mais comum do que se imagina. Não é fácil para uma mulher trans procurar uma unidade de saúde e iniciar um tratamento”.

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Mesmo a Fiocruz, considerada referência quando o assunto é respeito à diversidade, já enfrentou problemas. Quem conta é Nilo Fernandes: “Há alguns anos, tivemos casos recorrentes de preconceito. Chamamos o Cláudio para dar um treinamento aos funcionários e o resultado foi o melhor possível. Na maioria das vezes, não era homofobia nem transfobia, mas puro desconhecimento. As pessoas simplesmente não sabiam como lidar com a população LGBTI. Agora, o treinamento é constante”.

 

Cláudio finalizou o encontro lembrando ser importante que cada local adote o seu próprio protocolo de treinamento de pessoal. “Mas que esse protocolo seja bastante rígido. Respeitar a diversidade não é favor, é obrigação. Está na lei”. Nilo arrematou: “Vejo muitos jovens profissionais de saúde ainda com preconceitos. A dica que dou para essas pessoas é para mudar enquanto há tempo. Caso contrário, enfrentarão barreiras intransponíveis para exercer a profissão com dignidade”.

 

Populações periféricas

 

Realizada no dia 15 de junho, o tema da sexta live foi “Estratégia de educação de pares para populações periféricas”. Participaram Gilmara Cunha, presidente do Grupo Conexão G, da Maré, no Rio de Janeiro, Carol Flávia Esteves, ativista do Coletivo Frente CDD, da Cidade de Deus, também no Rio de Janeiro, e Fernanda Falcão, educadora de par do ImPrEP em Recife.

 

Para dar início à reunião virtual, Carol falou sobre as dificuldades de se atender às demandas da população LGBTI periférica. “É um desafio enorme. Falta tudo, principalmente apoio do poder público. Mas a verdade é que também falta outra coisa muito importante: autoestima. E é aí que entra o meu trabalho. Luto diariamente para levar um pouco de amor e carinho para a minha gente”.

 

Atenta ao depoimento de Carol, Gilmara corroborou com a ativista. “A nossa maior dificuldade é com o acolhimento. É difícil encontrar uma mulher trans que vá a um posto de saúde em uma comunidade e seja adequadamente recebida. Transfobia e homofobia são estigmas muito presentes. Além disso, ainda hoje há quem não saiba a importância do preservativo. Imagina, então, falar sobre PrEP e PEP (profilaxia pós-exposição): é um tabu”.

 

Em seguida, Fernanda discorreu sobre as dificuldades encontradas no Recife. “Aqui no Nordeste também enfrentamos diversos tabus, mas algumas novas técnicas de abordagem têm nos ajudado bastante. Sei que é cansativo, que é um trabalho de formiguinha, mas vamos vencer esse desafio que é levar não só a PrEP, como todos os serviços de saúde para as populações LGBTI das periferias”.

 

Antes do fim da reunião, Alessandra propôs um oportuno debate sobre direitos humanos e a população LGBTI periférica. Ao que Gilmara aderiu de prontidão, reafirmando: “Não é admissível que o Estado ofereça um serviço transfóbico, homofóbico e racista. Enquanto a saúde não for verdadeiramente universal, a favela não vai saber o que são direitos humanos”.

 

“Não temos direitos sobre nossos corpos e nossos nomes. Como vamos falar de direitos humanos? Não temos direito ao básico. Precisamos, antes de qualquer coisa, de dignidade”, pediu Fernanda. Carol arrematou: “Falta muito para que a gente se sinta respeitada como mulher trans, como mulher homossexual e como mulher da favela. Precisamos ser respeitadas pelo poder público e pela sociedade. É isso que entendo como direitos humanos”.

 

Todas as lives ImPrEP estão disponíveis nas páginas do ImPrEP no Facebook (@imprepbrasil) e no You Tube (projeto ImPrEP INI/Fiocruz).

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