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A epidemia de HIV afeta desproporcionalmente as populações de mulheres transexuais e de gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com (HSH) na América Latina. Monitorar a adesão à profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV é fundamental para projetar estratégias personalizadas e melhorar a persistência ao medicamento. Pesquisa conduzida por Mayara Secco, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fiocruz, e pelo Grupo de Estudo do ImPrEP*, teve como propósito identificar fatores associados a níveis não protetores da PrEP oral com fumarato de tenofovir desoproxila associado à entricitabina (TDF/FTC) entre essas populações. 

 

De fevereiro de 2018 a junho de 2021, o estudo ImPrEP ofereceu a PrEP oral no mesmo dia, baseada no TDF/FTC, para 9.509 HSH e mulheres trans do Brasil, Peru e México. Visitas de acompanhamento eram agendadas para quatro semanas após a inclusão e, posteriormente, a cada três meses. Nesse subestudo, foram incluídos jovens HSH, de 18 a 24 anos, e mulheres trans de todas as idades.

 

No total, os pesquisadores investigaram, por meio de amostras de sangue seco, 1.802 jovens HSH e 404 mulheres trans. Entre os jovens HSH, 14% tinham 18 ou 19 anos, 75% eram pardos e negros e 70% possuíam o ensino superior completo. Entre as mulheres trans, 27% tinham de 18 a 24 anos, 77% eram pardas e negras e 57% possuíam o ensino médio completo.

 

Para ambas as populações, ser do Peru e ter baixo nível educacional (ensino primário ou secundário incompleto), praticar trabalho sexual e ser mulher trans aumentavam a possibilidade de uma adesão inadequada à PrEP. Por outro lado, os HSH e as mulheres trans que relataram sexo anal sem preservativo tiveram maiores chances de uma adesão adequada ao medicamento.

 

De acordo com os autores, o comportamento sexual pode ter influenciado a percepção de risco do HIV e levado a uma maior adesão à profilaxia entre os jovens HSH e as mulheres trans nos três países. Ressaltam que os programas de PrEP devem implementar intervenções personalizadas para combater o estigma nos serviços de saúde e otimizar a adesão entre os mais vulneráveis, como aqueles com menor grau de escolaridade e os profissionais do sexo.

 

Leia também o resumo do outro pôster apresentado pelo ImPrEP CAB Brasil no evento em https://imprepemrede.wixsite.com/emrede19/mat%C3%A9ria-3-2

*Autores:

Mayara Secco (1), Thiago Torres (1), Carolina Coutinho (1), Iuri Leite (2), Ronaldo Moreira (1), Brenda Hoagland (1), Cristina Pimenta (3), Kelika Konda (4), Hamid Vega (5), Sergio Bautista (6), Carlos Cáceres (4), Peter Anderson (7), Valdiléa Veloso (1) e Beatriz Grinsztejn (1), do Grupo de Estudos ImPrEP

  1. Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Rio de Janeiro, Brasil

  2. Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca,  da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Rio de Janeiro, Brasil

  3. Ministério da Saúde, Brasília, Brasil

  4. Universidade Peruana Cayetano Heredia, Lima, Peru

  5. Instituto Nacional de Psiquiatria Ramón De La Fuente Muñiz, Cidade do México, México

  6. Instituto Nacional de Saúde Pública, Cuernavaca, México

  7. Universidade do Colorado, Denver, Estados Unidos

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